O Grupo de Psicologia Circulando é parceiro de escolas e empresas da cidade de Londrina e região e se compromete, para além dos atendimentos clínicos, em promover palestras, encontros e desenvolver projetos com as contribuições da Psicologia.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fala é a mesma coisa que linguagem?


O Sistema comunicativo envolve vários aspectos e na clínica da infância  é importante compreender como se dá a articulação dos aspectos globais do desenvolvimento, sendo eles cognitivos, sociais ( interação, linguagem e fala), afetivos, psíquicos e biológicos. A identificação precoce de problemas nas aquisições de linguagem e da fala se tornam relevantes pois pode estar relacionada a outras inabilidades sociais  emocionais e comportamentais da criança. A Linguagem e a fala se relacionam, mas não se trata da mesma coisa. A linguagem é muito mais ampla e se refere a todo sistema de expressão e recepção da informação e também da constituição subjetiva da criança. Consiste em compreender e ser compreendido. A linguagem faz parte do dia a dia da criança e tem inicio antes do nascimento e ao nascer está presente nesse “intercâmbio com aparência de diálogo” nas atitudes, no sorriso, nas expressões faciais, nos gestos e olhares, nas vocalizações, no balbucio, nas palavras, nas frases e no contexto da interação com o adulto. Isso vai acontecendo gradativamente através dos hábitos e rotinas de vida diária, das atividades psicomotoras, aprendizado e socialização. A  criança vai organizando suas experiências de aprendizagem, a partir do que lhe é significado.
A fala diz respeito à integridade do órgão que coloca em exercício a função “falar”, ou seja, a musculatura do sistema sensório-motor oral, como: lábios, língua, bochechas e o palato  cuja movimentação produzirá os sons das palavras. Neste caso, se as funções de sucção, mastigação, respiração forem bem desenvolvidas facilitarão a aprendizagem e o desenvolvimento da fala. Temos que pensar então em possibilitar o exercício dos órgãos que colocam a fala em atividade através dos sons. O tipo de dieta e os hábitos orais como a chupeta e mamadeira são fatores que podem levar a uma dificuldade fonoarticulatória. O ideal é que através da mastigação dos alimentos a criança possa exercitar os músculos da fala.
A aquisição e desenvolvimento da linguagem e da fala se tornam uma expressão reveladora dos processos constitutivos e construtivos da criança, e não acontece de forma independente, mas sim associada a uma série de mudanças no comportamento da criança, as quais vêm acompanhadas do surgimento de condutas simbólicas e outras transformações relacionadas á forma de compreender e interagir com o mundo. O entendimento dessas diferenças pelos pais e profissionais possibilita um diagnóstico mais apropriado sobre o desenvolvimento da fala e da linguaguem.

                                                              Maria Tereza Betti Rodrigues
                                                                        Fonoaudióloga CRFª 6084 RJ-PR

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Era uma vez...



...Numa terra muito, muito distante, príncipes e princesas que vivem conflitos, mas que vencem suas dificuldades e viverão felizes para sempre!
Os conteúdos dos contos de fadas dizem respeito a conflitos internos inerentes ao ser humano, como a luta entre o bem e o mal, o envelhecimento, a inevitabilidade da morte, perdas, antecipam frustrações... Que em qualquer que seja o momento social afligem o ser humano. Não é em vão que estas histórias ainda permanecem no imaginário dos adultos e são transmitidas por gerações, elas oferecem desfechos otimistas e que possibilitam de forma inconsciente uma nova saída para o sofrimento.
A partir dessas histórias a criança se identifica com a trama, com seus conflitos internos que lhes causam angústias e medos e assim como nos sonhos pode ter a possibilidade de elaborar e solucionar em fantasia algumas questões inconscientes que possui.
Além disso, diante do pedido que lhe contem novamente a mesma história, repetidas vezes, há a confirmação do conteúdo que ela está processando, ela precisará dessa confirmação até que seus conflitos internos estejam solucionados e assim, poderá deixar de solicitar aquela estória.
Este mundo mágico e distante onde se pode contar com novas possibilidades e lógicas distanciam as crianças de suas realidades onde podem ter a oportunidade de expressar suas dificuldades emocionais de forma protegida exteriozando-as nos personagens.
A contação de histórias pode se tornar também um momento prazeroso entre pais, escola e crianças sendo importante ainda para a construção da subjetividade e criatividade da criança e oferecendo um espaço para elaboração de seus conflitos e organização de seus sentimentos.

Thaís Gonçales
CRP 08/15172

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A Adolescência e o Sujeito

       A adolescência por si só já se caracteriza um momento do desenvolvimento de enfrentamento de dificuldades, pois a sociedade define um sujeito que não é mais parte do mundo da infância, mas que ainda não pode também responder desde o lugar de um adulto. Este adolescente tem como notícias na sociedade atual que deve encarar mudanças de relações, de corpo, de mundo e deve se sentir bem com isso, pois ainda não é um adulto por completo não tem sérias responsabilidades para arcar, mas também não pode ter os ganhos de comprometer-se como um sujeito adulto.
               Segundo Calligaris (2009), o adolescente se define como aquele que já foi preparado, durante o período de 12 anos de vida, para competir numa sociedade de ideais de vida já bem estabelecidos, como ter trabalho, ser desejável e buscar sucesso, mas apesar de ter corpo e espírito para iniciar tais conquistas ainda não é reconhecido fazendo parte de tal competição.
               Na maioria das vezes ainda não fica claro para este sujeito como foram as perdas das relações vividas na infância, na família, na escola, no social. Tais perdas significam uma ausência da segurança de amor referenciado a uma criança, que existia ali antes do corpo mudar, que solicitava proteção e mostrava-se dependente do adulto.
               É nessa lacuna que o adolescente da sociedade contemporânea se encontra, já acostumado a tal condição de passividade, de espera de uma vida adulta que um dia possa chegar, mas o que pode definir tal transição?
               Tal indefinição do que o adolescente precisa conquistar para entrar na vida adulta é o que mais parece causar desconfortos nestes sujeitos que ainda mostram-se dependentes dos adultos no quanto devem se lançar para o mundo, como poder entender das regras e leis sociais, e vivem um período de contestação aguda na tentativa de se apropriarem deste lugar no mundo dos adultos.

                                                                                              Renata Ribas Baggio
                                                                                              CRP: 08/11693

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O que é Inconsciente?

            Para a Psicanálise, o Inconsciente designa um dos sistemas do aparelho psíquico definido por Freud, que se constitui de conteúdos censurados ou reprimidos, ou seja, conteúdos aos quais foi negado o acesso ao plano da consciência, por se tratarem sempre de algo penoso para o indivíduo. É independente da Consciência, e dotado de atividade própria, com suas próprias leis e regras. Assim, o Inconsciente é tido como responsável pelos comportamentos e atitudes dos indivíduos, assumindo que estes não dependem apenas das escolhas conscientes. Isto explica o porquê de muitas vezes fazermos o que não queremos, ou não conseguirmos fazer o que queremos.
Ao definir o Inconsciente, Freud definiu também o Consciente, que diz respeito à capacidade de ter percepção dos sentimentos, pensamentos, lembranças e fantasias do momento e o Pré-Consciente, que diz respeito aos conteúdos que não estão sendo pensados ou vividos, mas podem chegar facilmente à consciência.
Esse Inconsciente tópico, como uma instância psíquica é o que vem a separar definitivamente a Psicanálise das outras áreas do saber, principalmente da psiquiatria, da neurologia e da psicologia.
Os conteúdos inconscientes não têm acesso à consciência, sendo controlados por uma espécie de censura. Porém, pode se revelar à esta (à consciência) de forma disfarçada através de sonhos, jogos de palavras, chistes (brincadeiras), atos falhos (comportamentos inesperados), lapsos de linguagem, associação livre de idéias (fala livre sem crítica e preocupação com a coerência), etc. Temos como exemplos: chamar uma pessoa pelo nome de outra, o fato de dizer uma palavra fora do contexto sem entender o motivo, ter atitudes não planejadas ou dizer algo que sabemos que não podíamos ter dito, cometendo “gafes”. É comum após estas escapadas do Inconsciente as pessoas questionarem porque fizeram ou disseram algo que as levou à uma situação embaraçosa.
Todos nós, portanto, funcionamos por meio do Inconsciente. A Psicanálise foi desenvolvida inicialmente por Freud e tem por objetivo dar a conhecer às pessoas seus próprios conflitos emocionais inconscientes. Depois de superar algumas resistências ou repressões, pode-se então “decifrar” o Inconsciente. É a partir desta análise que, ao levar o sujeito a tomar conhecimento dos elementos concretos de seu Inconsciente, o torna responsável por seus atos e então, o possibilita saber sobre seus reais desejos e escolher o que fazer com eles. 

                                      Ana Cláudia de Souza Raymundi Spigai
                                      CRP: 08/13610

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Antes mesmo do nascimento


Ao pensar sobre a clínica com bebês, especificamente chamada por clínica da estimulação precoce, é necessário descrever cada um destes conceitos. Muitas pessoas estranham quando se fala desta modalidade de intervenção clínica, principalmente, pelos bebês serem “pessoinhas”.
O que acontece é que os bebês também conseguem dizer de algum modo que algo não vai bem, e é pelo corpo que demonstram e não pela palavra como nós adultos.
Na clínica com bebês, a relação pais-bebê é escutada e o que se escuta aí é o que os pais esperavam do filho imaginado, seria parecido com quem, qual nome foi pensado, seu significado, se seria menino ou menina, vai torcer para qual time, vai ser bailarina? Enfim, antecipam-se muitas realizações para um bebê que ainda nem nasceu. Isso é o que já vai armando um lugar de sujeito para alguém que está prestes a chegar ao mundo.
Por inúmeros fatores, tanto de ordem orgânica como síndromes, lesão cerebral, quanto por questões psíquicas, como por exemplo, uma depressão materna, o que foi preparado, imaginado, falado, construído sobre o bebê é atravessado por algum destes fatores provocando um vacilo dos pais no processo de filiação da criança.
“Estimulação” está no sentido de se intervir num tempo em que tanto as aquisições (aspectos instrumentais), como a linguagem, os hábitos de vida diários, entre outros, quanto a sua constituição psíquica (aspectos estruturais) estão acontecendo ao mesmo tempo, e o que se oferece são estímulos que têm importância e sentido para dinâmica familiar. Não são aqueles descontextualizados como estímulos visuais com luzes, ou estímulos táteis de oferecer ao bebê diferentes superfícies para fazer marcas em seu corpo.
“Precoce” diz respeito ao período que denomina a primeira infância que é do zero aos três anos de idade em que a facilidade do bebê para “aproveitar” o que lhe é oferecido é muito grande por apresentar uma abertura ao novo pelo fato de seu campo neurológico estar em pleno desenvolvimento.
Portanto, intervir num tempo em que as aquisições globais tanto da ordem instrumental quanto estrutural estão acontecendo, atrelado à escuta dos pais sobre o seu bebê e também sobre “os bebês” que ali estão (sobre os bebês que os pais um dia foram), diz desta clínica nova e também muito importante pensando na prevenção em saúde mental.
Bruna Ognebene
CRP 08/12352

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A escolha de ser feliz

"A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz."
                                                                     
                                                                                         Sigmund Freud

                  Vemos cada vez um número maior de usuários de medicações para não se abater com sinais que possam mostrar a infelicidade. Rezamos para ter a felicidade, compramos livros para chegar até ela, compramos remédios, enfim, a felicidade pode ser cifrada?
                Quais explicações dariam para o número crescente da divulgação dessa idéia e o aumento do consumo de medicamentos e segredos sobre a felicidade se cada vez há um público maior para estas promessas?
                 Não deveria então haver a diminuição de sua procura já que uns poderiam já tê-la encontrado?
                     A felicidade está dentro de cada um e é singular assim como somos.
Pela psicanálise é possível trabalhar com o Inconsciente, este nos diz respeito sobre escolhas que fazemos nem sempre voluntárias e que em alguns momentos fogem do nosso controle consciente impedindo realizar as coisas de maneira que nos torne mais felizes.
                   A procura por um psicólogo(a) poderá ajudar não no sentido de saber mais sobre como alcançar a felicidade em um conselho ou numa receita pronta, mas como poder mudar suas relações que acarretam em sofrimento e reinventar maneiras de lidar  com suas dificuldades que o impedem de ser mais feliz.
                 É relevante pensar também na importância dessa busca. Não se pode perder o almejar pela felicidade senão o que mais poderíamos desejar? As esperanças, os sonhos através do que nos angustia são fontes de reinvenção para a nossa felicidade!!! Possibilitar e se autorizar a sentir a felicidade em certos momentos sem deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade diante de tantas dificuldades da vida!

                                                                                        Thaís Gonçales
                                                                                        CRP 08/15172

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Psicologia, Psicoterapia, Psiquiatria e Psicanálise. Quais as diferenças?

"A psicologia possui um longo passado, mas uma história curta". (Herrmann Ebbinghaus)


Muito pouco se conhece a respeito do que significam certas denominações referentes à área de atuação PSI. Neste artigo poderei esmiuçar algumas diferenças entre a Psiquiatria, a Psicanálise, a Psicologia e a Psicoterapia.
O Psi é o nome da letra Ψ do alfabeto grego e é utilizado como símbolo da psicologia que nos dá notícias de algo referente à alma, mente.
            A Psicologia tratada neste artigo não pode ser confundida com a psicologia popular que é o conjunto de idéias, crenças e convicções transmitido culturalmente. Tal forma de ver a psicologia diz do que cada indivíduo constrói a respeito de como as pessoas funcionam, se comportam, sentem e pensam.
A Psicologia é definida como o estudo científico do comportamento e processos mentais. Dentro dessa esfera a psicologia pode ser abordada a partir de múltiplas perspectivas.
A partir da área de atuação citada podemos então definir a Psicoterapia que é uma forma de intervenção da psicologia clínica e é utilizada como meio de atingir fins específicos para a cura, cuidado de certos sintomas.
            Já a Psiquiatria, comumente confundida com a psicologia, é uma especificidade da medicina e trata de avaliar o paciente quanto aos aspectos biológicos, psicológicos e sociais, objetivando o bem-estar físico e utilizando para tal, intervenções medicamentosas.
            Enfim a Psicanálise pode ser descrita como uma abordagem teórica, uma forma de se pensar o sujeito, caracterizado como sujeito do inconsciente. É também uma forma de tratamento e uma teoria da estrutura e do funcionamento da mente humana.
            Tais definições nos mostram a importância de um esclarecimento das significações dos termos utilizados por tal meio social, principalmente pela área da saúde, para que possam ser buscados em cada situação específica.

                                                                                   Renata Baggio
                                                                                   CRP: 08/11693

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Artigo sobre Bullying

Segue o link de um artigo publicado no jornal da OAB-Londrina, tratando sobre o tema Bullying.

Junto às questões psicológicas, segue um artigo de advogado orientando sobre questões jurídicas.

Os textos estão nas páginas 9/10 do jornal online.

http://www.oablondrina.org.br/jornal/index39.html

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A Função Materna

            O processo de desenvolvimento se dá em função da presença de um outro ser humano, uma presença que dê estrutura e organização às experiências do indivíduo no mundo. É principalmente a mãe que exerce essa função, que não lhe é exclusiva, podendo ser exercida por outra pessoa que faça parte da história da criança. É a partir das primeiras experiências com a mãe que a criança passa a formar a origem de seu aparelho psíquico, sendo essas experiências pré-requisito para o desenvolvimento infantil. 
            Podemos pensar a função materna como algo que não é importante apenas para satisfazer as necessidades fisiológicas e instintivas da criança, mas também, servir de proteção contra ameaças do meio, sensações e experiências que o bebê não é capaz de assimilar sozinho. Essa proteção é necessária, pois possibilita o alcance de um estado de calma em meio às turbulências de sua chegada ao mundo e vai dando condições ao bebê para as suas primeiras experiências de organização psíquica.
            A relação mãe-bebê se dá como algo que serve de referência para as primeiras construções da criança e devido a isso se torna fundamental para o desenvolvimento saudável da criança.
            A princípio, é por meio do psiquismo do outro, que o bebê passa a se constituir como indivíduo, pois, principalmente a mãe, empresta suas sensações e decifra o mundo para o bebê. Em função dessa relação, gradativamente, vão sendo produzidas marcas psíquicas, que constituirão a subjetividade da criança. A mãe é a que transmite o mundo ao bebê, enquanto ele ainda não tem sua própria independência e o coloca em contato com o mundo maior (social e simbólico).
Desde início da vida do bebê é por meio do choro que a mãe vai identificando as necessidades da criança, cada forma da criança chorar vai tendo um significado específico para a mãe que passa a colocar em palavras para seu filho que este parece estar com fome, com cólica, com medo, etc. A mãe vai suprindo as necessidades da criança em palavras, em atitudes, fazendo marcas que significarão seus posteriores recursos para ser um sujeito separado e se relacionar com o outro.
Todo esse processo vai fazendo inaugurar um sujeito que irá começar a pensar, falar, andar, brincar, criar, olhar, escutar, comer, todas essas funções são desenvolvidas a partir da relação com a mãe que valoriza os gestos e expressões do bebê e vai reconhecendo aquilo como algo dele.
                                                    
                                                                                                      Renata Baggio
                                                                            CRP 08/11693

terça-feira, 3 de maio de 2011

Contemporaneidade: imperativo pela felicidade

“(...) que um homem pense ser ele próprio feliz, simplesmente porque escapou à infelicidade ou sobreviveu ao sofrimento (...)” (Sigmund Freud)



Diante de um tempo de profundas modificações, é preciso ter em mente que o caminho percorrido pela humanidade está constantemente acompanhado por fenômenos que demandam uma reflexão quanto às suas conseqüências no mundo presente. Surgem alguns desconfortos como produtos das modificações sociais.
Tem-se hoje a felicidade como imperativo para se viver bem, onde não se pode mais ter lugar ao sofrimento e para tamponar a realidade o sujeito tem encontrado medidas paliativas. Conjuntamente, há ainda o capitalismo demandando uma necessidade de se consumir.
Desde os primórdios da vida, o ser humano tem que lidar com a frustração como pré-requisito fundamental para se viver em sociedade. O trilhar da vida, por si só, proporciona-nos muitos sofrimentos, decepções e tarefas quase que impossíveis. 
Para suportá-lo o indivíduo encontra desde muito cedo algumas medidas para lidar com os seus desconfortos como, por exemplo, o brincar da criança que faz uso do lúdico para suportar a separação da mãe. Mais adiante se tem o trabalho, a arte entre outras ocupações que o indivíduo escolhe para investir.
Neste presente texto darei ênfase quanto ao imperativo sobre ser feliz e estar feliz o tempo todo como se isso fosse possível, como se perdas, decepções, faltas não fizessem mais parte do que chamamos de vida e diante destas não pudéssemos mais nos angustiar, chorar as dores para assim aprender a lidar com elas, nem que tenha que acontecer repetidas vezes.
Percebe-se a anulação da linguagem como maneira de lidar com um mal-estar e no lugar das palavras entra o ato como forma de liberar o excesso, sentido particularmente pelo indivíduo advindo da sociedade atual.
É essencial elucidar que ainda há espaço para as palavras, para dizer de si, da dor e do sofrimento; há uma escuta para acolher, sobrevivendo e podendo, ao fim, dizer que se é feliz apesar da necessária e indispensável insatisfação.
                                                                           
                                                                                              Bruna Ognebene
CRP 08/12352

domingo, 24 de abril de 2011

O papel dos pais na formação dos filhos

                                                                       “É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais”
Coelho Neto

Atualmente vemos o quanto os pais têm buscado por melhores condições econômicas da família e de poder oferecer aos filhos o que muitas vezes não puderam ter enquanto crianças.
Assim, a partir disso, buscam a melhor escola para seus filhos, aulas de inglês, música, esportes... Buscam por complementar a educação de várias maneiras com a intenção de proporcionar uma formação ideal paras seus filhos.
O medo de errar nessa tarefa de ser pai, de ser mãe, pode de certa forma obstaculizar o vínculo com a criança na sua educação, no sentido de que ao procurar em livros de auto-ajuda e programas de televisão a ilusão de como serem pais ideais se desautorizam quanto a seu próprio meio de ser e esquecem que são pais reais que erram e que sim, podem buscar por melhores atitudes na educação de seus filhos sem que seja por meio de receitas prontas.
É no meio familiar que a criança tem seus primeiros contatos com o mundo externo, com os primeiros valores e com a linguagem. O que se constrói a partir dessa base primordial são como requisitos essenciais para que na escola esta possa criar consciência crítica e se formar também como um cidadão.
No ato de educar se reinventa e se revive as experiências da infância, são momentos acompanhados de lembranças que se refletem no modo como os pais educam seus filhos. Pode ser como uma aposta, a esperança de um futuro diferente em que os pais muitas vezes através deste meio vêm a investir nos seus filhos procurando por reverter frustrações vividas.
Há que se permitir que esta criança, através do auxílio de seus pais, possa se colocar em sua própria subjetividade com suas habilidades e limitações para assim se tornar um adulto consciente e seguro de suas atitudes.
                                                                                     Thaís Augusto Gonçales
                                                                                               CRP 08/15172

domingo, 10 de abril de 2011

Bullying

“Pode-se curar um ferimento causado pela espada,
mas não um ferimento causado pela palavra.”
Provérbio Chinês

Bullying é um termo inglês utilizado para descrever uma série de comportamentos realizados repetidas vezes com o objetivo de intimidar ou agredir um outro indivíduo, onde há desequilíbrio de poder.
A vítima sofre agressões físicas e psicológicas, sendo reduzida à um estigma, como por exemplo, de ser “girafa”, “ceguinho”, “baleia”, “dumbo”, “perneta”.  Como conseqüências sérias, perde sua identidade, sendo reconhecido apenas por aspectos negativos e pode apresentar quadros clínicos patológicos como distúrbios do sono, enxaqueca, dores no corpo, baixa auto-estima, medo, depressão, pânico e raiva, podendo gerar repentes de violência, inclusive suicídio.
Os “Bullies”, ou seja, as pessoas que praticam o Bullying, também sofrem conseqüências psíquicas sérias e como sintomas, podem aparecer o distanciamento e a falta de adaptação aos objetivos escolares, a supervalorização da violência como forma de obtenção de poder, o desenvolvimento de habilidades para futuras condutas delituosas, dificuldades em lidar com regras e limites em uma vida adulta.
As causas são inúmeras e variadas, tendo-se que levar em conta sempre a história individual de cada um, tanto no caso de quem pratica o Bullying, como no caso de quem está no lugar de vítima. Podem estar relacionadas à carência afetiva, ausência de limites e ao modo de afirmação de poder e de autoridade dos pais sobre os filhos. Em alguns casos, o “Bullie” tem necessidade de colocar o outro na situação inferior, em desvantagem, para que ele mesmo possa sentir-se “grande, importante”.
 É importante dizer que muitos professores e funcionários também sofrem. Expressões freqüentes que referenciam o bullying direcionado aos professores pelos alunos são: “você é meu empregado, não devo lhe obedecer”, “Eu é quem pago seu salário”, “Meu pai vai fazer você ser demitido”.
Afirmo ser de extrema importância as escolas e pais estarem muito atentos às atitudes incomuns de seus filhos e alunos, com intuito de preservarem a constituição psíquica de cada um. Profissionais especializados podem auxiliar a cuidar das feridas causadas pela palavra, com intuito de amenizar traumas e sofrimento psíquico intenso.

                                                                           Ana Cláudia Raymundi Spigai
                                                                           CRP: 08/13610

domingo, 3 de abril de 2011

Hiperatividade: Sintoma ou Diagnóstico


Tal tema tem sido abordado socialmente com bastante freqüência pelas escolas, por meio de diagnósticos médicos, pela mídia e merece ser esclarecido no sentido de significar, assim como outros sintomas, mais um sinal de alerta da criança e uma preocupação da família e responsáveis.
Digo de tais situações considerando o manejo com o desenvolvimento infantil, pensando que a criança pode passar a ter dificuldades com se concentrar, aprender, se socializar e a partir disso o que podemos pensar a respeito de tais sintomas.
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é uma patologia prescrita no DSM IV em 1994 e se caracteriza por sintomas de desatenção (distração) e hiperatividade (super atividade e agitação). Para haver o diagnóstico desse transtorno a falta de atenção e a hiperatividade devem interferir significativamente na vida e no desenvolvimento normal da criança. Tal diagnóstico só pode ser realizado após cinco anos de idade devido ao comportamento das crianças nesse período variar bastante.
A hiperatividade como uma característica de comportamento durante certo momento do desenvolvimento, nos mostra um pedido de ajuda do sujeito que passa a fazer tal agitação psicomotora e desinteresse em função de algo psíquico que não está ocorrendo bem. Podemos dizer de uma instabilidade como uma tentativa de solução de problema que deve ser cuidada adequadamente com encaminhamentos específicos pensando na prevenção de algo que ainda não se instalou, na prevenção de saúde mental.

Renata Baggio
CRP 08/11693

terça-feira, 29 de março de 2011

Sintomas em Bebês: Risco e Prevenção

Os sinais outrora escritos podem aparecer muito cedo, ainda numa idade muito inicial. Os bebês por não possuírem até um dado momento a fala enquanto dispositivo comunicativo e assim impossibilitados de dizerem o que está acontecendo com eles, apresentam o corpo enquanto mensageiro de seus desconfortos orgânicos, mas também psíquicos. Em que sentido?
Febres sem causa médica, distúrbios de sono e vigília, alterações alimentares, agitações motoras em excesso ou a ausência destas são alguns exemplos de sinais que o bebê pode apresentar como modo de “dizer” que algo não vai bem. Sinais estes nomeados como psicossomáticos.
Outros sinais como a ausência do olhar do bebê, a ausência de resposta de algum modo às convocações da mãe já dizem de sintomas psíquicos que podem ser riscos a uma constituição saudável.
Sinais estes que podem ser observados muito precocemente e tratados por um especialista que cuidará das peculiaridades do desenvolvimento do bebê junto à mãe.
É importante dizer que não são todos os psicólogos que atendem bebês.  Existem os especializados que saberão identificar possíveis riscos e acompanhar oferecendo um acolhimento à relação mãe-bebê através de um tratamento.

                                                                                             Bruna Ognebene
                                                                                             CRP 08/12352

segunda-feira, 21 de março de 2011

Brinquedos Tecnológicos

Com a tecnologia os brinquedos também passaram a dispor de vários dispositivos e mecanismos que surpreendem pelas suas inovações. Bonecos e robôs que reproduzem diversas falas, expressões e movimentos, jogos eletrônicos que simulam todo o tipo de atividade... Enfim, tais ofertas chamam atenção para a forma com que as crianças têm feito uso destes aparatos tecnológicos.
Não há como não acompanhar parte dessas invenções produzidas pelo momento e sociedade da qual nos fazemos presente, porém o fato de que tais brinquedos substituam atividades importantes na infância provoca questionamentos.
O faz de conta torna-se muitas vezes dispensável diante de tantos atributos eletrônicos. Brincadeiras que estimulam a criatividade e imaginação cedem espaço para brincadeiras já estabelecidas por seus fabricantes. E a interação social entre as crianças fica por hora obstaculizada diante da possibilidade de encontros virtuais.
É possível que se faça um bom uso dessas inovações tecnológicas sem que impossibilite à criança a aquisição de novos conhecimentos, descobertas e construções que lhe são próprias. No mercado são ofertados jogos e brinquedos que estimulam habilidades cognitivas e psicomotoras, porém é necessária a atenção dos pais quanto ao que é adequado e oportuno para seus filhos.
O cuidado com a exposição excessiva, o acesso a conteúdos impróprios a determinadas faixas etárias e substituição de atividades físicas e sociais são pontos a serem questionados quanto ao uso indevido dos brinquedos eletrônicos.
Thaís Augusto Gonçales
CRP 08/15172