O Grupo de Psicologia Circulando é parceiro de escolas e empresas da cidade de Londrina e região e se compromete, para além dos atendimentos clínicos, em promover palestras, encontros e desenvolver projetos com as contribuições da Psicologia.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A Função Materna

            O processo de desenvolvimento se dá em função da presença de um outro ser humano, uma presença que dê estrutura e organização às experiências do indivíduo no mundo. É principalmente a mãe que exerce essa função, que não lhe é exclusiva, podendo ser exercida por outra pessoa que faça parte da história da criança. É a partir das primeiras experiências com a mãe que a criança passa a formar a origem de seu aparelho psíquico, sendo essas experiências pré-requisito para o desenvolvimento infantil. 
            Podemos pensar a função materna como algo que não é importante apenas para satisfazer as necessidades fisiológicas e instintivas da criança, mas também, servir de proteção contra ameaças do meio, sensações e experiências que o bebê não é capaz de assimilar sozinho. Essa proteção é necessária, pois possibilita o alcance de um estado de calma em meio às turbulências de sua chegada ao mundo e vai dando condições ao bebê para as suas primeiras experiências de organização psíquica.
            A relação mãe-bebê se dá como algo que serve de referência para as primeiras construções da criança e devido a isso se torna fundamental para o desenvolvimento saudável da criança.
            A princípio, é por meio do psiquismo do outro, que o bebê passa a se constituir como indivíduo, pois, principalmente a mãe, empresta suas sensações e decifra o mundo para o bebê. Em função dessa relação, gradativamente, vão sendo produzidas marcas psíquicas, que constituirão a subjetividade da criança. A mãe é a que transmite o mundo ao bebê, enquanto ele ainda não tem sua própria independência e o coloca em contato com o mundo maior (social e simbólico).
Desde início da vida do bebê é por meio do choro que a mãe vai identificando as necessidades da criança, cada forma da criança chorar vai tendo um significado específico para a mãe que passa a colocar em palavras para seu filho que este parece estar com fome, com cólica, com medo, etc. A mãe vai suprindo as necessidades da criança em palavras, em atitudes, fazendo marcas que significarão seus posteriores recursos para ser um sujeito separado e se relacionar com o outro.
Todo esse processo vai fazendo inaugurar um sujeito que irá começar a pensar, falar, andar, brincar, criar, olhar, escutar, comer, todas essas funções são desenvolvidas a partir da relação com a mãe que valoriza os gestos e expressões do bebê e vai reconhecendo aquilo como algo dele.
                                                    
                                                                                                      Renata Baggio
                                                                            CRP 08/11693

terça-feira, 3 de maio de 2011

Contemporaneidade: imperativo pela felicidade

“(...) que um homem pense ser ele próprio feliz, simplesmente porque escapou à infelicidade ou sobreviveu ao sofrimento (...)” (Sigmund Freud)



Diante de um tempo de profundas modificações, é preciso ter em mente que o caminho percorrido pela humanidade está constantemente acompanhado por fenômenos que demandam uma reflexão quanto às suas conseqüências no mundo presente. Surgem alguns desconfortos como produtos das modificações sociais.
Tem-se hoje a felicidade como imperativo para se viver bem, onde não se pode mais ter lugar ao sofrimento e para tamponar a realidade o sujeito tem encontrado medidas paliativas. Conjuntamente, há ainda o capitalismo demandando uma necessidade de se consumir.
Desde os primórdios da vida, o ser humano tem que lidar com a frustração como pré-requisito fundamental para se viver em sociedade. O trilhar da vida, por si só, proporciona-nos muitos sofrimentos, decepções e tarefas quase que impossíveis. 
Para suportá-lo o indivíduo encontra desde muito cedo algumas medidas para lidar com os seus desconfortos como, por exemplo, o brincar da criança que faz uso do lúdico para suportar a separação da mãe. Mais adiante se tem o trabalho, a arte entre outras ocupações que o indivíduo escolhe para investir.
Neste presente texto darei ênfase quanto ao imperativo sobre ser feliz e estar feliz o tempo todo como se isso fosse possível, como se perdas, decepções, faltas não fizessem mais parte do que chamamos de vida e diante destas não pudéssemos mais nos angustiar, chorar as dores para assim aprender a lidar com elas, nem que tenha que acontecer repetidas vezes.
Percebe-se a anulação da linguagem como maneira de lidar com um mal-estar e no lugar das palavras entra o ato como forma de liberar o excesso, sentido particularmente pelo indivíduo advindo da sociedade atual.
É essencial elucidar que ainda há espaço para as palavras, para dizer de si, da dor e do sofrimento; há uma escuta para acolher, sobrevivendo e podendo, ao fim, dizer que se é feliz apesar da necessária e indispensável insatisfação.
                                                                           
                                                                                              Bruna Ognebene
CRP 08/12352