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terça-feira, 3 de maio de 2011

Contemporaneidade: imperativo pela felicidade

“(...) que um homem pense ser ele próprio feliz, simplesmente porque escapou à infelicidade ou sobreviveu ao sofrimento (...)” (Sigmund Freud)



Diante de um tempo de profundas modificações, é preciso ter em mente que o caminho percorrido pela humanidade está constantemente acompanhado por fenômenos que demandam uma reflexão quanto às suas conseqüências no mundo presente. Surgem alguns desconfortos como produtos das modificações sociais.
Tem-se hoje a felicidade como imperativo para se viver bem, onde não se pode mais ter lugar ao sofrimento e para tamponar a realidade o sujeito tem encontrado medidas paliativas. Conjuntamente, há ainda o capitalismo demandando uma necessidade de se consumir.
Desde os primórdios da vida, o ser humano tem que lidar com a frustração como pré-requisito fundamental para se viver em sociedade. O trilhar da vida, por si só, proporciona-nos muitos sofrimentos, decepções e tarefas quase que impossíveis. 
Para suportá-lo o indivíduo encontra desde muito cedo algumas medidas para lidar com os seus desconfortos como, por exemplo, o brincar da criança que faz uso do lúdico para suportar a separação da mãe. Mais adiante se tem o trabalho, a arte entre outras ocupações que o indivíduo escolhe para investir.
Neste presente texto darei ênfase quanto ao imperativo sobre ser feliz e estar feliz o tempo todo como se isso fosse possível, como se perdas, decepções, faltas não fizessem mais parte do que chamamos de vida e diante destas não pudéssemos mais nos angustiar, chorar as dores para assim aprender a lidar com elas, nem que tenha que acontecer repetidas vezes.
Percebe-se a anulação da linguagem como maneira de lidar com um mal-estar e no lugar das palavras entra o ato como forma de liberar o excesso, sentido particularmente pelo indivíduo advindo da sociedade atual.
É essencial elucidar que ainda há espaço para as palavras, para dizer de si, da dor e do sofrimento; há uma escuta para acolher, sobrevivendo e podendo, ao fim, dizer que se é feliz apesar da necessária e indispensável insatisfação.
                                                                           
                                                                                              Bruna Ognebene
CRP 08/12352

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