O Grupo de Psicologia Circulando é parceiro de escolas e empresas da cidade de Londrina e região e se compromete, para além dos atendimentos clínicos, em promover palestras, encontros e desenvolver projetos com as contribuições da Psicologia.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Antes mesmo do nascimento


Ao pensar sobre a clínica com bebês, especificamente chamada por clínica da estimulação precoce, é necessário descrever cada um destes conceitos. Muitas pessoas estranham quando se fala desta modalidade de intervenção clínica, principalmente, pelos bebês serem “pessoinhas”.
O que acontece é que os bebês também conseguem dizer de algum modo que algo não vai bem, e é pelo corpo que demonstram e não pela palavra como nós adultos.
Na clínica com bebês, a relação pais-bebê é escutada e o que se escuta aí é o que os pais esperavam do filho imaginado, seria parecido com quem, qual nome foi pensado, seu significado, se seria menino ou menina, vai torcer para qual time, vai ser bailarina? Enfim, antecipam-se muitas realizações para um bebê que ainda nem nasceu. Isso é o que já vai armando um lugar de sujeito para alguém que está prestes a chegar ao mundo.
Por inúmeros fatores, tanto de ordem orgânica como síndromes, lesão cerebral, quanto por questões psíquicas, como por exemplo, uma depressão materna, o que foi preparado, imaginado, falado, construído sobre o bebê é atravessado por algum destes fatores provocando um vacilo dos pais no processo de filiação da criança.
“Estimulação” está no sentido de se intervir num tempo em que tanto as aquisições (aspectos instrumentais), como a linguagem, os hábitos de vida diários, entre outros, quanto a sua constituição psíquica (aspectos estruturais) estão acontecendo ao mesmo tempo, e o que se oferece são estímulos que têm importância e sentido para dinâmica familiar. Não são aqueles descontextualizados como estímulos visuais com luzes, ou estímulos táteis de oferecer ao bebê diferentes superfícies para fazer marcas em seu corpo.
“Precoce” diz respeito ao período que denomina a primeira infância que é do zero aos três anos de idade em que a facilidade do bebê para “aproveitar” o que lhe é oferecido é muito grande por apresentar uma abertura ao novo pelo fato de seu campo neurológico estar em pleno desenvolvimento.
Portanto, intervir num tempo em que as aquisições globais tanto da ordem instrumental quanto estrutural estão acontecendo, atrelado à escuta dos pais sobre o seu bebê e também sobre “os bebês” que ali estão (sobre os bebês que os pais um dia foram), diz desta clínica nova e também muito importante pensando na prevenção em saúde mental.
Bruna Ognebene
CRP 08/12352

Um comentário:

  1. Parabéns a todas pelos textos e pela dedicação. Sucesso!

    ResponderExcluir